Olá caçadores de Pérolas,
Hoje vamos falar sobre algo extremamente comum, que afeta muitos profisionais mas que para certos patrões é considerado bobagem e frescura. Recebi essa perola de uma seguidora do blog na época próxima do natal, a mesma estava trabalhando horrores, fazendo mil horas extras e foi diagnosticada com tendinite e precisou ficar afastada. Eis que a patroa dela solta a pérola:
A pérola: Tendinite só aparece em quem faz mais de 20 massagens modeladoras por dia, você faz 15 apenas. Isso é preguiça de trabalhar!
Gente, esse tipo de comentário é tão triste, mas tão comum! Infelizmente aposto que vou receber milhares de mensagens e emails de profissionais relatando coisas parecidas.
Vamos por partes…
Em média uma massagem modeladora dura de 30 a 45 minutos, em alguns lugares uma hora. Já explicamos diversas vezes aqui sobre a modeladora e você pode rever as características dessa massagem em outros posts.
Um profissional que faça 20 modeladoras por dia, se for de 30 minutos, estaria trabalhando em média 10 horas apenas fazendo massagem, se for mais tempo esse aumento seria proporcional.
Quem aqui faz modeladora, sabe como a mesma é cansativa e desgastante ao profissional. Por mais que você tenha técnica e use a velocidade ao invés da força, uma certa pressão é necessária. Além disso trabalha-se em pé, ena maioria das vezes as profissionais não fazem pausas, intervalos.
A velocidade também é outro fator bem desgastante. Não podemos esquecer que ainda o funcionário pode ter que subir e descer escadas dependendo de onde trabalha, as vezes sem ar condicionado, usando aventais e sapatos fechados o que aumenta ainda mais o desgaste.
Será que a patroa aguenta 20 modeladoras seguidas??? Preguiça, né??? Fácil falar, quero ver fazer…
Deveríamos lançar uma campanha: Antes de julgar realize o que o outro faz! É fácil falar, criticar, condenar quando não fazemos determinadas coisas, somente quando sentimos na carne o que o outro faz é que podemos realmente saber o que o outro passa. Muitos falam que gerenciar um negócio é ficar no computador o dia todo, será que é simples assim??
Muitas vezes esses profissionais não fazem atividade físicas, nem alongamento antes ou após o trabalho, dessa forma seus corpos não estão preparados para tal sobrecarga.
Gostaria de saber em que artigo científico a moça se baseou para dizer a quantidade de massagens que uma profissional pode fazer sem que desenvolva alguma lesão.
Vamos a explicação:
AS LER ou DORT (doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho) podem ser definidas como um conjunto de doenças que englobam desde situações de fadiga até quadros clínicos descritos como as tendinites/tendinoses, as tenossinovites afetam principalmente os músculos, os tendões, os nervos e suas bainhas, assim como os tecidos moles. Estas doenças apresentam quadros dolorosos que se acomodam lentamente e insidiosamente, reduzindo a capacidade funcional do trabalhador (Serranheira, 2007).
As LER/DORT tem sido prevalentes em todas as atividades que envolvem uso intensivo dos membros superiores e geram prejuízos de toda natureza para as organizações: absenteísmo, dificuldade de obtenção de resultados operacionais, tensões nas relações de trabalho, problemas com a fiscalização e com o ministério publico, além de pesadas indenizações, reivindicadas por trabalhadores que julgam ter sua saúde prejudicada. Esta doença a ocupacional pode gerar ao indivíduo incapacidade laborativa parcial ou até mesmo aposentadoria por invalidez (COUTO, 2000)
Os fatores profissionais adquirem um importante destaque nessa matriz causal, em particular quando se trata de trabalho repetitivo e monótono. O movimento análogo ao longo da execução do trabalho, os gestos repetidos e frequentes, as aplicações de força com a mão, o levantamento de cargas, a postura incorreta e a ausência de períodos de recuperação entre tarefas, correspondem aos principais fatores de risco da atividade de trabalho para o desenvolvimento das DORT (Serranheira, 2007).
O desenvolvimento destas lesões não é linear, existindo variáveis que podem influenciá-lo: a intensidade, a duração do esforço e o número de esforços por minuto (Serranheira et al., 2012).
Não estou afirmando que a causa da tendinite foram as massagens, mas pode ter sido. O que importante é que você conheça as causas e que você se cuide. Sabemos que nossa profissão exige demais do nosso corpo, das nossas articulações e que muitos profissionais abandonam a profissão por isso.
Esse post é um alerta, para que você se cuide, para que você faça pausas periódicas no trabalho, que você faça alongamentos antes e depois de trabalhar, que você não se automedique, que você procure ajuda, que você observe sua postura ao trabalhar, que você intercale modeladora com drenagem ou com outro tipo de atendimento…
Esse post também é um alerta aos empregadores, para que eles vejam que não é frescura, existem pessoas de má fé sim, mas tendinite existe, é real e é um problema de saúde pública!
Não podemos esquecer também que há profissionais que agem de má fé, que fingem, que forjam, mas isso não é regra. Você empregador pode solicitar que ele passe num médico de sua confiança ou da empresa, ou em mais de um, que faça os exames necessários, há meios legais para isso. Procure se informar.
Muitos profissionais vivem a base de analgésicos e anti-inflamatórios que só prejudicam o quadro, pq a dor melhora e sem acompanhamento médico o quadro não cura, somente os sintomas melhoram e nessa o profissional trabalha ainda mais.
Veja isso: Para a repetividade não causar tantos danos à musculatura, É necessário que ela esteja fortalecida e alongada, por isso, É fácil perceber como as pessoas que mantém atividade física constante sofrem menos com algias
musculares do que aquelas sedentárias. Barbosa (2012) acrescenta, ainda, que a manutenção de posturas inadequadas gera esforços adicionais e inesperados, que atingem a coluna vertebral e as extremidades dos membros superiores, levando a fadiga muscular pela manutenção prolongada de contrações musculares estáticas.
Viu, como vc se cuidar e fazer exercício é importante? Você é o maior responsável pelo seu corpo e por sua saúde!
Gostou, aprendeu?
Mande sua dúvida, sua pérola! Compartilhe conosco! Vamos aprender juntas!
Abraços
Mariana Negrão
Referencias
COUTO, H.A. Como gerenciar a quesõeso das LER/DORT: lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Belo Horizonte: Ergo, 2000
Serranheira, F., & Uva, A.S. (2007). LER/DORT: que métodos de avaliação do risco? Revista
Brasileira de Saúde Ocupacional, 35(122)
Serranheira, F., Sousa-Uva, A., & Leite, E. (2012). Capacitar os trabalhadores para a prevenção
das LMELT: Contributos da abordagem participativa da Ergonomia. Sociedade
Portuguesa de Medicina no Trabalho.8(2),1-24
Profa. Mari!
Quantas massagens é adequado o profissional realizar por dia? Tem alguma norma que regulariza isso? Obrigada!
Não existe um limite, acredito no bom senso e no conhecimento do profissional de seus próprios limites 🙂
É enfim a dor do esteticista é sempre relegada a um segundo plano, os donos de estabelecimentos não são esteticistas e não querem entender o quanto é desgastante, eles anunciam nas vendas coletivas, sobrecarregam o funcionário, e ainda por cima o trabalho não fica eficiente , ai a cliente chega pra vc e fala , já fiz modeladora e não resolve nada. Dá uma raiva ouvir coisas assim , ou aquelas tipo , eu comprei um pacote muito mais barato que o seu , vc cobra muito caro.
Sou esteticista há quase 3 anos e meio.. e há 3 anos trabalho como esteticista autônoma.
O que mais faço é massagem modeladora, pois a procura por este tratamento é o mais procurado.
Tem dias que faço 8 modeladora… de 1h ou também sessões de 35 minutos. (com ultrassom). entre uma e outra, às vezes encaixo uma limpeza de pele, uma depilação. Isso nos dias que faço umas 5 modeladoras consigo fazer este encaixe.
Em 2013, eu queria que meu nome ganhasse espaço no mercado e me afundei no trabalho… sem intervalos para relaxar e alongar. mal dava tempo de ir ao banheiro. remanejava a agenda para atender além do meu limite. Final de ano travei e fui para no hospital.
Em 2014 decidi mudar, mas quase nada consegui…e ai as dores começaram… meus punhos latejavam.. minha lombar queimava… meus ombros doíam. teve época que eu mal conseguia segurar um talher por muito tempo. Fiquei exausta ao extremo…
No fim de 2014 resolvi mudar.cansei de me doar tanto e não estar bem para poder atender… Mudei minha agenda. Aumentei os espaços, comecei pilates. E em pouco tempo, já notei a diferença.
Agora em 2015 mudei radicalmente minha agenda.
Continuo no pilates, o que me fez muuuuito bem e melhorou muito na questão de dores. Espacei as massagens com 20 ou 30 minutos até. Meu horário de almoço é sagrado para eu descansar, colocar as penas para o alto e até mesmo tirar uma soneca. Deixei na agenda tudo certo que a cada três meses, tirarei 1 semana de descanso. Não trabalho aos domingos (o que já fiz muito trabalhar de domingo à domingo) e também não trabalho às segundas para poder fazer as minhas coisas. Um compromisso comigo.
Sou diabética e não posso me descuidar. Tenho horário para tudo. Ainda assim, vira e mexe, entre um atendimento e outro, tenho hipoglicemia e tenho que pedir licença para a cliente para que eu regularize minha taxa glicêmica com um doce, uma bala ou suco.
Todas sabem e agora respeitam minhas regras.
Fora o belo contrato de prestação de serviço que repasso a cada uma com as leis e regras do meu ambiente de trabalho.
Melhorou muito. Porque para atender bem e prestar um serviço de qualidade, EU PRECISO ESTAR BEM EM PRIMEIRO LUGAR.
Bom.. adorei a matéria Mari.. infelizmente é bem assim que acontece. Mas vamos a luta e ganhar nosso espaço..
bjo à todas